TRAIÇÃO VIRTUAL
Há muitos que aqueles olhares a incomodavam. Era como se a despissem por completo. Sentia-se frágil, mas extremamente excitada. Todas as noites sonhava em beijar aqueles lábios que tanto a tentavam. Apalpar aquele peito másculo de miúdo na flor da idade. As coxas que imaginava por debaixo das calças exemplarmente passadas. Sabia que era impossível. Era comprometida. Adorava o companheiro. Mas a ideia que traição tanto a fazia sentir-se culpada como a deixava num estado de ansiedade que há muito não sentia. Tentava abstrair-se daquela vontade louca de fazer amor com o colega de trabalho. O que se tornava cada vez mais difícil. Todos os dias era uma batalha que sabia não poder vencer. Restava-lhe sonhar com aquele desejo cada vez mais intenso.
Era isso mesmo que iria fazer. Sonhar com o colega de trabalho e dar asas aos seus desejos mais íntimos. Deixou o companheiro deitar-se, com a desculpa que precisava terminar um trabalho.
Esticou-se no sofá e fechou os olhos.
Entrou dentro do elevador à pressa, pois estava atrasada – mais uma vez - para o trabalho. Deu de caras com o colega de trabalho. O seu perfume deixou-a sem reacção.
Tens a blusa desapertada, sussurrou-lhe ao ouvido.
Obrigado, agradeceu meia sem jeito.
Obrigado eu pela visão que me proporcionastes. Deves ter a pele macia como seda.
Então, pronto para mais um dia de trabalho?, desviou a conversa com medo do que poderia acontecer se a deixasse fluir.
Ele sorriu, maliciosamente. Que sorriso delicioso, pensou ela.
Durante toda a manhã aquelas palavras ecoaram na sua cabeça. Tinha que o ter, independentemente das consequências. Enviou-me uma mensagem para o telemóvel convidando-o para um café.
Ele aceitou de imediato.
O coração dela disparou. Não havia volta a dar. Seria hoje.
Entraram no elevador. O silêncio era constrangedor. Ele carregou no botão do último andar. Subiram sem dizer uma palavra. Quero-te, sussurrou-lhe ao ouvido. Eu sei, respondeu.
Não teve tempo para dizer mais nada. Ele beijou-a como se não houvesse amanhã. Subiu-lhe a saia e começou a lamber as suas coxas, enquanto lhe apalpava os seios. Teve para o mandar parar, mas não conseguiu. Era mais forte que ela. Queria-o mais que nunca dentro dela, o que não demorou a acontecer. Fizeram amor enquanto o elevador subia e descia, sem parar.
Despediu-se dela com um beijo de até amanhã.
Vens para a cama, perguntou o companheiro? Deves estar a ficar doente, estás toda suada.
Pois...atrapalhou-se ela, devo estar mesmo a ficar doente. Mas isto vai passar.
Espero que sim, disse o companheiro, dando-lhe um beijo na testa. Espero mesmo que sim.