A LOUCA HISTÓRIA DE UM JORNALISTA DOIDO
Vivam-se tempos difíceis. Era necessário fazer uns biscates (assaltos à mão armada, atentados bombistas e colocação de gás sarin no Metro em horas de ponta) para se sobreviver.
Foi este o motivo que levou os pais de Lenine, sem agrado, a entregá-lo a uma família de capitalistas da Marinha Grande, os Pereira Roldão, para o adoptarem.
A sua vida nunca mais foi a mesma. Fumavam haxixe quando queriam, sessões de esclarecimento sobre o efeito da Baleia no Ecossistema Político do Hemisfério Norte do Alasca. Enfim, coisas banais de teenagers inconscientes a tentar imitar James Dean/Rock Hudson e Fred Astaire/Ginger Rogers.
Por seu lado, Aníbal Pereira Roldão e Maria Pereira Roldão, que escondiam a sua Felicidade, a filha mais velha, resolveram fazer um baile de apresentação à sociedade marinhense, pela módica quantia de cinquenta contos por cabeça. A surpresa da noite era Vladimiro dançando «A Queda do Cisne de Cristal». Tinha então cinco anos de idade e uma enorme vontade de fazer chichi.
O inevitável aconteceu: deixou-se mijar, para grande admiração do Púdico, presente. Foi posto fora de casa e deserdado, conforme palavras do pai: «a mim não m'erdas mais».
Os jornalistas do Púdico souberam da história por fonte segura, uma organização gay chefiada por Paulo Janelas, Pacheco Pedreira e Carlos Scandal, e acolheram a criança. Quem não gostou do sucedido foi Michael Jafo, que meteu o caso em tribunal.
Cinco anos depois o juiz deu o veredicto: Vladimiro fica com Jafo e não com o Púdico.
Cenas do próximo episódio: Vladimiro foge de Jafo e ingressa no Púdico. Os seus pais verdadeiros aparecem mortos no Amoreiras. Cicciolina é italiana...
PS) Escrevi este texto, seguramente, há mais de dez anos. Nunca terminei a história. Achei interessante partilhá-lo convosco.