quinta-feira, julho 22, 2010
quinta-feira, outubro 29, 2009
A chulice do RSI

São estas situações que temos obrigação de evitar
A CHULICE DO RSI
Penso que nunca me terá custado tanto a engolir um café como aquele que acabei de beber. Fui ao café do costume, ingerir cafeína com o propósito de ficar mais alerta. Não costumo fazê-lo, até porque não bebo regularmente café, e quando bebo fico, na maioria das vezes, ainda mais sonolenta. Mas, como dizia, fui ao café do costume. Ao balcão estavam dois homens, com um aspecto que não é dos melhores, a beber uma cerveja e a comer um rissol. A conversa, que obrigatoriamente tive que escutar dado estar quase costas com costas com um deles, girava em torno de dinheiro. A dada altura, um deles, com um fio de ouro ao pescoço e por cima da roupa, dizia que não podia emprestar-lhe dinheiro porque tinha contas a pagar. «É pá, tenho que pagar aquilo pá, o MEO e a Internet». Sei que ambos frequentam daqueles cursos de integração social, isto se querem receber o Rendimento Social de Inserção (RSI). MEO? Internet? É para isto que o nosso dinheiro serve. Isto é integração social? Não, isto é chulice pura.
Vamos fazer um abaixo-assinado de proporções bíblicas (teologia à parte) contra a chulice generalizada deste país?
terça-feira, maio 19, 2009
AMIZADE
A maior falta de pontualidade é chegar tarde aos amigos. Li esta frase algures. Há muitos anos. Sei que é do livro “O Principezinho”, de Antoine de Saint-Exupéry. Nunca mais a esqueci. Talvez porque preze a amizade acima de todos os outros sentimentos e a considere a base de todas as relações. Não existe verdadeiro amor sem amizade. Sim, porque há diversos tipos de amor. Ou talvez não. Não se ama por sexo. O amor é desinteressado. O verdadeiro, entenda-se. E como verdadeiro que é não sobrevive sem amizade. Nem tão-pouco sem a confiança. Quem ama confia. Mas será que todas as pessoas são dignas dessa confiança? Só as que amam verdadeiramente. E como sabemos que o amor é verdadeiro? Quando vemos com a razão e não com o coração. Esse é traiçoeiro. Vive cego e ignorante. Conscientemente cego e ignorante.
Quem o feio ama bonito lhe parece, diziam os antigos. Nisso tinham a sua razão. Quer-me parecer que quem terá disto estas sábias palavras sofreu um desgosto de amor. Daqueles que nos tiram o sono, o apetite, a concentração…a vontade de viver. Mesmo quando nos damos conta que o bonito que amávamos era, de facto, feio. Que aquela pessoa que nos tira o sono, o apetite, a concentração…a vontade de viver, não foi mais que uma ilusão óptica. E que agora nos tira o sono, o apetite, a concentração…a vontade de viver porque nos sentimos enganados. Envergonhados pela nossa cegueira. Feridos no orgulho. Cegos de ódio. Lamentamos as lágrimas chorando pela perda jurando que tal não volta a acontecer.
Sentimos a confiança traída. A confiança de que apenas são dignos os que amam verdadeiramente. E amar é gostar. Gostar muito. Gostar ao ponto de nos esquecermos de nós. E quando nos lembramos da nossa existência, pensamos que de nada vale. Tudo porque quem amamos assim nos faz pensar. Damos-lhe razão porque as amamos. Continuamos cegos. À espera. À espera que nos façam acreditar no contrário. Que somos importantes nas suas vidas. O coração não nos deixa ver a realidade. Deixa-nos num estado de inércia mental em que tudo é contrário ao que, de facto, é. Amor é amizade. E partilha. Partilhar é confiar. Não tudo. Todos temos direito aos nossos segredos. E todos os segredos deixam de o ser quando contados a outra pessoa. Os segredos formam a nossa identidade. Aquilo que nós sabemos de nós próprios e não queremos partilhar com ninguém. Isso não nos impede de amar. Ser amigos. Partilhar a nossa vida com alguém. Tê-los nas suas vidas.
Quando isso não existe…nada mais nos resta que dizermos adeus. E esperar que a desilusão se vá desvanecendo como nevoeiro sob a forte luz de um sol de Verão.
quinta-feira, dezembro 04, 2008
Há dias assim
sexta-feira, novembro 07, 2008
sexta-feira, setembro 26, 2008
quarta-feira, junho 25, 2008
TRAIÇÃO VIRTUAL
Há muitos que aqueles olhares a incomodavam. Era como se a despissem por completo. Sentia-se frágil, mas extremamente excitada. Todas as noites sonhava em beijar aqueles lábios que tanto a tentavam. Apalpar aquele peito másculo de miúdo na flor da idade. As coxas que imaginava por debaixo das calças exemplarmente passadas. Sabia que era impossível. Era comprometida. Adorava o companheiro. Mas a ideia que traição tanto a fazia sentir-se culpada como a deixava num estado de ansiedade que há muito não sentia. Tentava abstrair-se daquela vontade louca de fazer amor com o colega de trabalho. O que se tornava cada vez mais difícil. Todos os dias era uma batalha que sabia não poder vencer. Restava-lhe sonhar com aquele desejo cada vez mais intenso.
Era isso mesmo que iria fazer. Sonhar com o colega de trabalho e dar asas aos seus desejos mais íntimos. Deixou o companheiro deitar-se, com a desculpa que precisava terminar um trabalho.
Esticou-se no sofá e fechou os olhos.
Entrou dentro do elevador à pressa, pois estava atrasada – mais uma vez - para o trabalho. Deu de caras com o colega de trabalho. O seu perfume deixou-a sem reacção.
Tens a blusa desapertada, sussurrou-lhe ao ouvido.
Obrigado, agradeceu meia sem jeito.
Obrigado eu pela visão que me proporcionastes. Deves ter a pele macia como seda.
Então, pronto para mais um dia de trabalho?, desviou a conversa com medo do que poderia acontecer se a deixasse fluir.
Ele sorriu, maliciosamente. Que sorriso delicioso, pensou ela.
Durante toda a manhã aquelas palavras ecoaram na sua cabeça. Tinha que o ter, independentemente das consequências. Enviou-me uma mensagem para o telemóvel convidando-o para um café.
Ele aceitou de imediato.
O coração dela disparou. Não havia volta a dar. Seria hoje.
Entraram no elevador. O silêncio era constrangedor. Ele carregou no botão do último andar. Subiram sem dizer uma palavra. Quero-te, sussurrou-lhe ao ouvido. Eu sei, respondeu.
Não teve tempo para dizer mais nada. Ele beijou-a como se não houvesse amanhã. Subiu-lhe a saia e começou a lamber as suas coxas, enquanto lhe apalpava os seios. Teve para o mandar parar, mas não conseguiu. Era mais forte que ela. Queria-o mais que nunca dentro dela, o que não demorou a acontecer. Fizeram amor enquanto o elevador subia e descia, sem parar.
Despediu-se dela com um beijo de até amanhã.
Vens para a cama, perguntou o companheiro? Deves estar a ficar doente, estás toda suada.
Pois...atrapalhou-se ela, devo estar mesmo a ficar doente. Mas isto vai passar.
Espero que sim, disse o companheiro, dando-lhe um beijo na testa. Espero mesmo que sim.