quarta-feira, fevereiro 14, 2007

NÃO QUERER, QUERENDO

Tinha tudo preparado. Velas acesas por toda a casa, uma banheira cheia de água quente salpicada com pétalas de tulipas negras. Champanhe italiano no frigorífico. Morangos lavados e prontos a comer. Um som erótico compunha tudo isso. Só faltava mesmo chegar ela, a pessoa a quem se devia todo este cenário. Nem sabia se viria. Tinha-lhe dito que lhe queria oferecer uns CD's que gravara a pensar nela, mas não tinha a certeza que viesse.

Encostou-se à janela, olhando o horizonte. O pôr-do-sol aguçou-lhe a imaginação, interrompida com o toque da campainha. Era ela. Mandou-a entrar.

Estás à espera de alguém?

De ti, respondeu.

Sim, por causa dos CD’s, mas deves estar à espera de alguém, a julgar pelo cenário.

Fi-lo para ti. É de ti que tenho estado à espera.

Ouve, não quero magoar-te, mas não quero ter nada a ver contigo. Já te tinha dito isso.

Eu sei que já tinhas dito, não consigo esquecer as tuas palavras. Resta saber os motivos.

Apenas não quero envolver-me contigo.

Tens a certeza?

Absoluta.

Então porque não me consegues dizê-lo olhando-me nos olhos?

É melhor parar por aqui a conversa.

Tens razão, disse, agarrando-lhe a mão. Anda lá buscar os CD’s. Não sei se gostas, mas a selecção que fiz foi a pensar em ti. Queres ouvi-los, ou tens alguma coisa para fazer?

Nem por isso. Hoje é um dia calmo, não me apetece sair.

Pôs o CD que já estava a tocar na primeira música.

É Madonna, gostas?

Adoro, é das minhas cantoras preferidas.

Por que não te sentas e aprecias a letra, enquanto vou buscar alguma coisa para beber.

OK.

Sentou-se e fechou os olhos. Abriu-os porque sentiu uns lábios perto dos seus.

Nem penses…

Relaxa, pediu-lhe, deixa-me amar-te.

Acabou por desistir de lutar contra uma vontade que sabia ter.

Levou-a para a casa de banho, despiu-a, meteu-a na banheira e começou a dar-lhe banho, ao ritmo sedutor do Lullaby dos Cure. De vez em quando dava-lhe champanhe a beber, deixando cair algumas gotas para aquele corpo que ansiava há tanto tempo, que ia lambendo. Beijava-a por todo o lado, pedindo-lhe silêncio. Tirou-a da banheira e levou-a para o chão da sala, deitando-a por cima do tapete preto que tinha comprado fazia uma semana, bem em frente à lareira. Começou a massajá-la, com um óleo de amêndoas ao som de James Brown. Finda a massagem, pediu-lhe para se sentar em posição de lótus, bem juntinha ao seu corpo, levemente destapado, contrastando com a sua nudez.

Não te despes?

Não. Hoje quero dar-te prazer. Só tu és importante.

Começou a beijá-la. Primeiro nos olhos, depois nos ouvidos, na cara, no queixo. De vez encostava os lábios aos dela, mas fugia em seguida, beijando-lhe os mamilos, o ventre. Voltava aos olhos, aos ouvidos, à cara, ao queixo. Encostava os lábios aos dela, por pouco tempo, passando aos mamilos, ao ventre. Deitou-a e começou a beijar-lhe as coxas, o Monte de Vénus, as pernas, os pés. Pediu que se virasse de costas. Mais uma vez, beijou e lambeu-a por todo o lado.

Estás a deixar-me completamente louca, confessou.

Eu sei. Podes vestir-te.

Como?

Continuamos amanhã, ou talvez nunca mais. Fica à tua consideração. Vou buscar-te os CD’s.

2 Comments:

Blogger Unknown said...

Foi do mais profundo, provocante que já li. Deixou-me completamente excitada. gostava de saber o que aconteceu depois.

sexta-feira, março 09, 2007 12:02:00 da tarde  
Blogger desabafos said...

p/ana: Fica na imaginação de cada um. Prometo, no entanto, terminar o conto um dia destes. Quando a imaginação regressar ao sítio de onde saiu faz algum tempo.

quarta-feira, março 14, 2007 6:54:00 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home