NÃO QUERER, QUERENDO
Tinha tudo preparado. Velas acesas por toda a casa, uma banheira cheia de água quente salpicada com pétalas de tulipas negras. Champanhe italiano no frigorífico. Morangos lavados e prontos a comer. Um som erótico compunha tudo isso. Só faltava mesmo chegar ela, a pessoa a quem se devia todo este cenário. Nem sabia se viria. Tinha-lhe dito que lhe queria oferecer uns CD's que gravara a pensar nela, mas não tinha a certeza que viesse.
Encostou-se à janela, olhando o horizonte. O pôr-do-sol aguçou-lhe a imaginação, interrompida com o toque da campainha. Era ela. Mandou-a entrar.
Estás à espera de alguém?
De ti, respondeu.
Sim, por causa dos CD’s, mas deves estar à espera de alguém, a julgar pelo cenário.
Fi-lo para ti. É de ti que tenho estado à espera.
Ouve, não quero magoar-te, mas não quero ter nada a ver contigo. Já te tinha dito isso.
Eu sei que já tinhas dito, não consigo esquecer as tuas palavras. Resta saber os motivos.
Apenas não quero envolver-me contigo.
Tens a certeza?
Absoluta.
Então porque não me consegues dizê-lo olhando-me nos olhos?
É melhor parar por aqui a conversa.
Tens razão, disse, agarrando-lhe a mão. Anda lá buscar os CD’s. Não sei se gostas, mas a selecção que fiz foi a pensar
Nem por isso. Hoje é um dia calmo, não me apetece sair.
Pôs o CD que já estava a tocar na primeira música.
É Madonna, gostas?
Adoro, é das minhas cantoras preferidas.
Por que não te sentas e aprecias a letra, enquanto vou buscar alguma coisa para beber.
OK.
Sentou-se e fechou os olhos. Abriu-os porque sentiu uns lábios perto dos seus.
Nem penses…
Relaxa, pediu-lhe, deixa-me amar-te.
Acabou por desistir de lutar contra uma vontade que sabia ter.
Levou-a para a casa de banho, despiu-a, meteu-a na banheira e começou a dar-lhe banho, ao ritmo sedutor do Lullaby dos Cure. De vez em quando dava-lhe champanhe a beber, deixando cair algumas gotas para aquele corpo que ansiava há tanto tempo, que ia lambendo. Beijava-a por todo o lado, pedindo-lhe silêncio. Tirou-a da banheira e levou-a para o chão da sala, deitando-a por cima do tapete preto que tinha comprado fazia uma semana, bem em frente à lareira. Começou a massajá-la, com um óleo de amêndoas ao som de James Brown. Finda a massagem, pediu-lhe para se sentar em posição de lótus, bem juntinha ao seu corpo, levemente destapado, contrastando com a sua nudez.
Não te despes?
Não. Hoje quero dar-te prazer. Só tu és importante.
Começou a beijá-la. Primeiro nos olhos, depois nos ouvidos, na cara, no queixo. De vez encostava os lábios aos dela, mas fugia em seguida, beijando-lhe os mamilos, o ventre. Voltava aos olhos, aos ouvidos, à cara, ao queixo. Encostava os lábios aos dela, por pouco tempo, passando aos mamilos, ao ventre. Deitou-a e começou a beijar-lhe as coxas, o Monte de Vénus, as pernas, os pés. Pediu que se virasse de costas. Mais uma vez, beijou e lambeu-a por todo o lado.
Estás a deixar-me completamente louca, confessou.
Eu sei. Podes vestir-te.
Como?
Continuamos amanhã, ou talvez nunca mais. Fica à tua consideração. Vou buscar-te os CD’s.
2 Comments:
Foi do mais profundo, provocante que já li. Deixou-me completamente excitada. gostava de saber o que aconteceu depois.
p/ana: Fica na imaginação de cada um. Prometo, no entanto, terminar o conto um dia destes. Quando a imaginação regressar ao sítio de onde saiu faz algum tempo.
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